Observatório Carioca


A morte e a morte
março 19, 2007, 2:20 pm
Filed under: Geral

Um cadáver é abandonado dentro de um carro na Av. Vieira Souto, em frente à praia de Ipanema. É removido em pouco mais de uma hora. No mesmo dia, outro corpo é deixado, supostamente por traficantes, junto ao meio-fio de uma rua na Tijuca, na Zona Norte. Mal-disfarçado por um cobertor, ali permanece durante mais de cinco horas.

As mortes são iguais. Muda o cenário. E isso faz toda a diferença.



Até quando?
março 7, 2007, 1:54 pm
Filed under: Fotos, Geral

Alana, mais uma vitima, e seus irmãos.

A foto é de Marco Antônio Cavalcanti, de O Globo. E fala por si.


Doce balanço a caminho do mar
fevereiro 20, 2007, 12:44 am
Filed under: Cotidiano

Segunda-feira de carnaval, dez e quinze da manhã, Av. Delfim Moreira, pista da praia, em frente à Rainha Guilhermina. Sol forte, uma aglomeração. Mais um bloco, imagino. Que nada!

Chego mais perto, há policiais também. Em grande número, aliás. Mas não tem banda, marchinhas, carro-de-som. Não há fantasias, só um imenso delírio. Um som. Acho que vinha de um carro estacionado com portas abertas. Um som. Hipnótico, repetitivo, alto. Tum, tum, tum, tum, tum, tum, tum… techno, trance, whatever… infindo. E gente entorpecida.

Lata de cerveja na mão, uma menina em transe bailava em câmera lenta pela ciclovia, olhos semicerrados. A meio metro, três guardas municipais, olhos arregalados, a observavam.

Rapazes e moças zanzavam pela avenida fechada ao trânsito. Doidões na areia, outros tantos. Um deles, à sombra da lona que cobria o banco ao lado de uma rede de vôlei, baixa as calças e elimina ali mesmo o que sobrara do jantar da véspera. Mais adiante, segundo me contaram, uma menina já tinha resolvido urinar, sem cerimônia, na escadaria que desce em direção à praia.

A rave improvisada termina algum tempo depois. O som acaba, as pessoas começam a ir embora, os policiais se dispersam, os garis vêm limpar a praia. O espanto fica.



Drummond vai à Rua Uruguai
fevereiro 15, 2007, 5:48 pm
Filed under: Geral

Rua Uruguai, Tijuca, Zona Norte do Rio. Havia um poste no meio do caminho. Na verdade, ainda há. Faz meses. Talvez anos. E nenhum sinal de que vá sair de lá, do meio da rua.

Havia um poste no meio do caminho…



Braços abertos sobre a Guanabara
fevereiro 12, 2007, 2:48 pm
Filed under: Fotos

Braços abertos sobre a Guanabara



Geni
fevereiro 11, 2007, 5:20 pm
Filed under: Geral

Leblon. Manhã de domingo, caminho da praia. Passo por um sujeito que estica o braço, segurando um papel, e diz qualquer coisa que não compreendo. Chego mais perto: “O que foi?”. Ele repete: “O senhor aceita essa leitura?”. E me oferece o papel, que aceito e agradeço: “Sim, claro!”. Ameaço retomar o caminho, mas ele ainda me olha e afirma: “Todo o seu sofrimento vai acabar!”.

Fico perplexo. Ele sabe que estou sofrendo. Nem eu mesmo sabia, ia à praia aproveitar o domingo de sol. No entanto sofro, está estampado em meu rosto. Um sofrimento cristalino e bronzeado. Mas terá fim, ele me garantiu.

Olho com mais atenção. É um folheto religioso, e fala do fim de todo sofrimento.

“Quando o fim vier, quem sobreviverá? (…) Os retos são os que residirão na terra e os inculpes são os que remanescerão nela. Quanto aos iníquos, serão decepados da própria terra”.

Ponho o papel no bolso e logo me vem a lembrança de Geni: “Quando vi nesta cidade tanto horror e iniqüidade, resolvi tudo explodir. Mas posso evitar o drama se aquela formosa dama esta noite me servir”.

Mas é dia claro de sol, a praia está agora à minha frente e as pessoas passeiam, brincam, se banham, se despem. A cidade me seduz.

Não sabe que eu sofro. Ele sabe.